The Project Gutenberg EBook of Morte de Yaginadatta, by Candido de Figueiredo This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Morte de Yaginadatta Episodio do poema epico - O Ramayana Author: Candido de Figueiredo Release Date: March 18, 2010 [EBook #31696] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK MORTE DE YAGINADATTA *** Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search)
LITTERATURA
DA
INDIA
I
MORTE
DE
YAGINADATTA
MORTE DE YAGINADATTA
EPISODIO
DO POEMA EPICO—O RAMAYANA
VERSOS PORTUGUEZES
DE
CANDIDO DE FIGUEIREDO
COIMBRA
IMPRENSA DA UNIVERSIDADE
1873
AO PROFUNDO ORIENTALISTA
AO ERUDITISSIMO FILOLOGO
AO APPLAUDIDO PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE OXFORD
MAX MULLER
CONSAGRA
ESTE MESQUINHO TESTIMUNHO DE REVERENCIA, SIMPATHIA E GRATIDÃO
C. DE F.
...... «Não conhecemos na litteratura indiana, nem talvez em litteratura alguma, episodio mais sentido e mais sublime do que aquell'outro do Râmâyana,—a «Morte de Yaginadatta». Priamo aos pés de Achilles, na «Illiada» de Homero, é admiravel de dor e de sentimento; arrebata-nos a lastimosa Dido nos cantos do cisne mantuano ; Ignez deante de Affonso, no poema de Camões, abala-nos a alma e obriga-nos a lagrimas: não teme porem confronto com Priamo, Dido e Ignez o cego sublime de Valmiki deante do assassino de seu filho.
Asserções fundadas, mas que podem passar por temerarias, reclamam prova efficaz. Não nos esquivamos a ella.....; tomâmo-nos até de ufania com sermos o primeiro que apresenta em linguagem nossa um dos eternos monumentos da verdadeira poesia indiana.
Não é o luxuriante e o garrido da fórma o que nos prende ao episodio de «Yaginadatta»: difficilmente se aprecia a fórma em toda a sua pureza, quando a lima dos commentarios e a crueldade, talvez, das traducções, entibiou naturalmente o colorido que brotou espontaneo da paleta do artista. Mas aquillo que é sempre bello, aquillo que a mão dos seculos não consegue carcomer nem afeiar, aquillo que o genio deixa insculpido em caracteres indeleveis—torna immortais e queridos os admiraveis «çlokas» da «Morte de Yaginadatta.»
Reproduziremos o episodio em decasillabos portuguezes. Descorado embora na traducção modesta, entrever-se-á nelle ao menos a majestosa simplicidade da narração, e conjuntamente se descortinará o ponto mais elevado a que podem sublimar-se os sentimentos do coração humano.»
CANDIDO DE FIGUEIREDO, no Instituto, vol. XVII, n.º 4.
{7}
Os que se derem ao cuidado de confrontar a nossa tentativa com os trabalhos de Gorresio acharão porventura divergencias. Advertiremos, por isso, que a interpretação de Fauche, cujas versões discrepam a revêzes das do filologo italiano, foi a que especialmente nos serviu de guia.
Aos leitores pouco familiarisados com a litteratura indiana offerecemos um indice de algumas palavras do episodio, mais desconhecidas por menos vulgares:
BRAHMANES—casta sacerdotal.
ÇUDRAS—casta servil.
DAÇARATHA—rei de Ayodhya, e pai de Ramá.
DJATA—cabelleira especial.
GURÚ—mestre, director espiritual.
INDRA—o rei dos deuses, o Jupiter indiano.
KCHATRYAS—casta militar e real.
RAGHÚ—rei dos da raça solar.
RAMÁ—o heróe do Ramayana.
YAMÁ—o juiz dos mortos, o Plutão indiano.
{8} {9}
Quando Ramá, dos homens o mais bravo,
partiu para as florestas, Daçaratha
—aquelle rei outr'ora tão ditoso,—
deixou-se possuir de mágua enorme.
Exilados seus filhos, o monarca,
tão alto como Indra, escureceu-se
nas trevas do infortunio, como quando
a sombra de um eclipse os céus invade,
tapando ao sol a face.
Após seis dias
de prantos e saudade, o rei egregio,
acordando uma vez á meia noite,
lembrou-se de uma falta commettida
em afastado tempo, e dirigiu-se
desta fórma a Kaoçálya, sua esposa:{10}
—Se és tambem acordada, ouve-me attenta,
Kaoçálya. Quando um homem, dama illustre,
faz uma acção, ou boa ou má, não póde
evitar no porvir os fructos della.
Qualquer que em suas coisas não distingue
o bem e o mal, e ás cegas vai obrando,
os sabios appellidam-no criança.
Nos bons tempos da minha adolescencia,
em que eu, moço imprudente, me ufanava
de frechar toda a fera que avistasse,
commetti uma falta... por acaso.
A desgraça presente é fructo acerbo
dessa culpa, Kaoçálya, como a morte
é fructo de um veneno que se bebe.
Mas filha de ignorancia foi a culpa,
como a morte talvez de envenenado.
Ainda tu não eras minha esposa,
e eu era apenas da corôa herdeiro.
Nesse tempo, a estação das manhans frescas
entornava alegrias na minha alma;
o sol, que havia esbraseado a terra
e bebido a humidade das campinas,
cançado já de procurar o norte,
mudara de hemisferio. Graciosas
as nuvens espalmavam-se nos ares,
e os grous, e os cisnes, e os pavões folgavam
repletos de alegria. Os aguaceiros{11}
obrigavam os rios a espalharem
agua lodosa em cima das alpondras.
Os campos, sorridentes sob a chuva,
ostentavam seus virides relvados
em que as aves, alegres, volitavam.
No correr de estação tão prasenteira,
tomei sobre meus hombros dois carcazes,
empunhei o meu arco, e fui-me andando
em direcção ás margens do Çarayo.
Ao abeirar-me do formoso rio,
levava em mira, consoante os habitos,
ás feras atirar, que um rumor leve
denunciasse, sem que eu mesmo as visse;
e escondi-me na sombra, de arco armado,
ao pé dos bebedoiros solitarios,
que ali dessedentavam, alta noite,
os animais que habitam as florestas.
E era o caso, que ás vezes despedia
alguma frecha para aquella banda
donde rumor saíra, e assim matava,
um bufalo da selva, um elefante,
ou qualquer fera que buscasse as aguas.
E nessa hora, quando os meus olhares
nenhum objecto distinguir podiam,
ouvi o som confuso de uma bilha
que alguem enchia de agua; som que imita{12}
o múrmuro beber de um elefante.
E prestes cavilhando no arco a frecha,
frecha assás empennada e penetrante,
cego pelo destino, despedi-a
contra o logar donde o rumor saíra.
Mal a frecha voara, uma voz de homem,
lamentosa, chegou a meus ouvidos:
—Morto! estou morto! Como despedir-se
um dardo contra mim, contra um ermita?
De quem será o braço deshumano
que despediu a seta? Vim de noite
a bilha encher no solitario rio:
quem o assassino? a quem tenho offendido?
Oh! esta frecha, tendo penetrado
o coração exanime do filho,
irá cravar-se no maguado seio
de um velho anacoreta, pobre e cego,
que aí vegeta á sombra da miseria,
no meio destes bosques. Chóro menos
o desastrado fim da minha vida,
que a sorte de meus pais, dois velhos cegos.
Avergados ao peso dos invernos,
e por mim amparados tanto tempo,
como viverão elles, sós e cegos,
sem o amparo do filho? Quem seria
o homem sem alma, cuja frecha aguda
matou a todos tres, a mim e a elles,{13}
que de fructos, raízes e legumes
numa paz innocente aqui vivíamos?—
Disse. E, perante a minha extranha falta,
eu, abalado, commovido e trémulo,
deixei cair das mãos carcaz e arco.
Corri, e achei, postrado na agua, um joven
que trajava de pelles de antilobio
e usava a illustre djata dos ascetas.
Mortalmente ferido, ergueu os olhos,
e, cravando-os em mim, num desgraçado,
dirigiu-me, rainha, estas palavras,
como querendo me abrasar nas chammas
da sua radiante santidade:
—Que offensa contra ti hei commettido,
kchatrya, eu, habitante das florestas,
para que recebesse a tua frecha,
quando no rio eu mergulhava a bilha
por que meu pai dessedentasse os labios?
Os dois velhos, autores de meus dias,
sem um apoio nas desertas matas,
aguardam minha volta; pobres cegos!
De uma só vez, com uma frecha apenas,
tres seres victimaste: eu, a mãi terna,
e o pai! Porquê? se nunca te offenderam?
A virtude e a sciencia não produzem
na terra fructo algum, segundo creio,{14}
pois que meu pai não sabe que me matas!
E, dado que o soubesse, que faria,
elle que nada póde, porque é cego?
Assimilha-se a uma árvore sem força.
para amparar outra árvore arrancada
pela buída secure do lenheiro.
Vai, filho de Raghú, vai, sem detença,
ter com meu pai, e dá-lhe a fatal nova,
antes que a sua maldição te abrase,
bem como o fogo abrasa as seccas urzes.
O atalho, que tu vês, leva ao retiro
onde habita meu pai! fala-lhe, abranda-o,
antes que te maldiga em sua colera!
Mas... vem, arranca-me do seio a frecha:
este dardo, cravado no meu seio,
é, como um raio, ardente, e mal respiro.
Arranca-me este dardo; que eu não morra
com elle no meu peito. Eu não sou brahmane;
não te possuas do terror que inspira
o assassinio de um brahmane. É verdade
que de um brahmane, que erma neste bosque,
eu filho sou, mas minha mãi é çudra.—
Eis o que disse o moço, a minha victima.
Á vista deste pobre adolescente,
que, entre queixumes tais, se rebolcava
nas aguas do Çarayo, despenhei-me
na mais extranha prostração de espirito;{15}
e, alheado de mim, tirei a frecha
do extenuado seio do mancebo,
com um cuidado egual ao meu desejo
de conservar-lhe a vida. Mas apenas
o dardo se extraiu, o moço ermita,
exhalando um suspiro entrecortado
por golfadas sangrentas, tremeu todo,
e extranhamente os olhos revolvendo,
exhalou o suspiro derradeiro.
Quando o filho do santo anacoreta
expirou, abatendo a minha gloria,
e a mim mesmo, fiquei-me consternado
á vista do incuravel infortunio.
Extraída que foi a seta ardente,
fatal como o veneno de uma serpe,
tomei a bilha, e dirigi os passos
para a mansão da asceta. Os pobres velhos,
lá estavam sosinhos, tristes, cegos,
sem ninguem que amparasse os desgraçados,
como dois passaros que as asas perdem.
Aguardavam seu filho, e eram sentados,
falando delle afflictos, os dois velhos:
aquelles que eu ferira em sua prole
anciavam a dita que seu filho
voltando lhes daria! Neste lance{16}
é que eu, na consciencia remordido,
achei ermando os pallidos ascetas!
O ermita, ouvindo passos junto delle,
diz:—Filho meu, porque tardaste tanto?
Traze-me a bilha já. Yaginadatta,
meu bom amigo, há tanto que te andavas
brincando na agua! dava-nos cuidado,
á tua boa mãi e a mim, meu filho,
tão longa ausencia. Se eu acaso ou ella
num momento sequer te magoámos,
perdôa, e nunca mais por tanto tempo
te detenhas no ponto aonde fores.
Não posso andar... tu és as minhas pernas;
não posso ver... tu és a minha vista:
esta minha existencia em ti descança!
Porque não falas tu!—
A estas vozes,
lentamente abeirando-me do velho,
a quem o amor de pai tanto inspirava,
e com as mãos o peito comprimindo,
disse-lhe suffocado de soluços,
e numa voz tremente, balbuciante,
mas que a minha firmeza reanimava:
—Eu... um kchatrya sou, não sou teu filho;
meu nome é Daçaratha; e eis-me comtigo,
depois de commetido infando crime,
de que a virtude tem horror e espanto.{17}
Eu, santo asceta, havia demandado,
com o arco em punho, as margens do Çarayo,
por espreitar os animais bravios
que, da sede obrigados, ali fossem,
e que eu frechasse sem os ver. No emtanto,
o estridor de uma bilha que se enchia
tocou-me o ouvido, despedi a frecha
e assassinei teu filho, imaginando
matar um elefante. Aos gritos delle,
tirados pela frecha que o varara,
corri trémulo ao ponto donde vinham,
e vi então um joven penitente.
É certo que eu pensava, anacoreta,
ter em frente de mim um elefante,
e atirar a uma fera não a vendo,
quando cravou teu filho o férreo dardo.
Arranquei-lhe do seio a minha frecha,
e elle expirou, subindo ao céu; mas antes
havia lastimado longamente
a sorte de seus pais. Involuntario
foi o assassinio de teu filho amado...
Curvado assim ao pêso desta culpa,
mereço contra mim a tua colera.—
Nisto, ficou petrificado o velho;
mas logo após, recuperando alento,
estas palavras proferiu, emquanto
eu as mãos juntas conservava humilde:{18}
—Se, criminoso de uma falta enorme,
tu m'a não confessasses espontaneo,
mesmo sobre teu povo cairia,
o castigo tremendo; e o meu anathema
havia consumil-o como o fogo!
Kchatrya, se soubesses que era ermita
aquelle que matavas, esse crime
faria despenhar Brahmá do throno,
que elle no emtanto occupa inabalavel;
a sete descendentes e a outros tantos
dos teus maiores cerraria as portas,
oh mais vil dos mortais, o paraiso,
se consciencia houvesses do teu acto.
Foi crime inconsciente; de outra sorte,
não viverias já, e a raça inteira
dos raghuidas havia de apagar-se,
tanto valor se prende á vida tua!
Vamos, cruel! conduze-me depressa
aonde assassinaste o infeliz moço
que era um bordão de cego, e que sabia
guiar minha cegueira. Eu quero ainda
tocar meu filho morto, se a existencia
me não abandonar, antes que o abrace.
Quero, com minha esposa, tocar inda
o ensanguentado corpo de meu filho,
solto o djata e os cabellos em desordem;
corpo de que a alma resvalou agora
sob o poder de Yamá.—{19}
Guiei os cegos,
do intimo abalados, a essa estancia
e nella os dois esposos abraçaram
o estirado cadaver de seu filho.
Mal sustendo uma dor que os avergava,
ao tocarem apenas no cadaver
ergueram da alma doloroso grito,
caindo sobre o corpo ensanguentado.
O esmaiado semblante de seu filho
a mãi beijou, e desatou-se em prantos,
e em lamentos tão tristes, que lembravam
os da mãi do novilho, a que furtassem
a estremecida prole:—Yaginadatta,
dizia ella, não me queres tanto
como á propria existencia? filho augusto,
porque não falas tu, quando te partes
para essa viagem que é tão longa?
Beija-me e partirás em me abraçando!
Já me não queres bem? porque não falas?
O pai afflicto, débil, alquebrado,
falou tambem como se vivo fosse
o filho a quem tocava os membros gélidos:
—Meu filho, não conheces minhas vozes,
nem as de tua mãi? ergue-te agora!
vem! em teus braços nos aperta a ambos!
De quem ouvirei eu nestes desertos
uma voz grata que me leia os Vêdas,{20}
na noite proxima, co'o mesmo empenho
que tinhas em saber os santos dogmas?
E quem, meu filho, levará dos bosques
á mansão nossa fructos e legumes,
sempre que a fome dominar os cegos?
E esta ceguinha, carregada de annos,
tua mãi, esta boa penitente,
como a sustentarei, eu que sou fraco,
que sou cego como ella e sem amparo?
Não queiras deixar hoje estas paragens;
ámanhan, filho, partiremos todos.
Depressa a dor obrigará os velhos
a deixar esta vida pela morte:
a sentença, meu filho, está lavrada.
Apenas eu de Yamá entrar nos reinos,
infeliz pai, mendigarei eu mesmo;
para o filho do Sol levando os passos,
eu lhe direi, por ti acompanhado:
—dá esmola a meu filho, ó deus dos mortos.—
Depois das santas orações da tarde,
depois de feita a matutina prece,
depois do banho e da oblação piedosa,
quem tocará meus pés com as mãos suas,
para enlevar-me em sensações tão gratas?
Ao mundo dos heróes que não regressam
sóbe, meu filho, que és um innocente
victimado a imprudencia deshumana.
Alcança o eterno mundo dos ascetas,{21}
dos sacrificadores e dos brahmanes
que as funcções de guru preencheram dignos;
o mundo destinado aos penitentes
que leram, linha a linha, os santos livros,
os Vêdas e os Vêdangas; e onde habitam
Yasti, Nahusha, e outros reis piedosos;
mundo aberto aos bons chefes de familia
que nunca o sensual prazer procuram
longe dos braços da consorte amada;
seres modestos e almas generosas,
que a plenas mãos armentos distribuem,
e alimentos e terra aos desherdados.
Vai, meu filho, acompanho-te em espirito;
sóbe ao eterno mundo aonde sóbem
aquelles que firmaram entre os povos
a paz e a segurança, e cujo verbo
foi a voz da verdade. Almas eleitas,
que nascem numa casta como a tua,
a inferior condição não baixam nunca.
Expulso ora d'aqui, vai a esses mundos,
onde o mel em regatos serpenteia.—
Tanto que o solitario estes lamentos,
e outros inda, soltou com sua esposa,
triste cumpriu a ceremonia da agua
em honra de seu filho.
Após instantes,{22}
de uma celeste fórma revestido,
e alçado num suberbo carro aereo,
o filho appareceu do santo ermita,
e assim falou aos pais:—Em recompensa
do puro amor que vos sagrei, obtive
condição valiosa: dentro em pouco
sereis neste logar tão anhelado.
Não lastimeis do vosso filho a sorte,
nem crimineis o rei; era destino
que eu succumbisse ao tiro do seu arco.—
Disse; e transfigurado em corpo aereo,
erguido, entre esplendores, sobre um carro
de uma belleza extrema, sublimou-se
o filho do richi ao céu. E emquanto,
juntas as mãos, eu era ao pé do ermita,
que havia terminado com a esposa
a ceremonia da agua em honra ao filho,
falou-me assim o santo penitente:
—Eu pasmo de que, sendo vil e fátuo,
tu contes por avós os ikshwakidas,
reis santos, gloriosos e magnanimos.
Entre nós jámais houve desavenças,
nem pleiteámos campos ou mulheres.
Sendo assim, porque a vida tu me roubas
e da consorte minha com teu arco?
Mas já que és innocente no teu erro,
não te maldigo, mas attento escuta:{23}
—Assim como chegou para meus dias
inesperado termo, pelas máguas
que me instillou a perda de meu filho,
assim, ao cabo da carreira tua,
hás de deixar a vida pesaroso,
e chamarás debalde por teu filho.—
Debaixo deste anathema pesado,
voltei para cidade. Dentro em pouco,
á sua dor o asceta succumbia,
áquella tão violenta dor paterna.
A maldição do brahmane por certo
se cumpre agora em mim: pois os pezares
e as saudades que tenho de meu filho,
a seu termo conduzem minha vida.
Os meus olhos, rainha, não vêm nada,
mesmo as ideias vão-se-me apagando:
são estes, dama illustre, os mensageiros
da fatal morte, que me apressa a marcha.
Se viesse a mim Ramá, ou se eu apenas
ouvisse a sua voz, eu rehaveria
a minha força, como um moribundo
que ambrosia bebesse. Esta saudade,
filha da sua ausencia, estala os elos
da minha vida, como a onda rasga
a ramaria umbrosa que crescera
de um rio sobre as margens. Venturosos
os que, ao termo do exilio de meu filho,{24}
passado nas florestas, Ramá virem
voltar para Ayodhya, como Indra
descendo lá do céu. Não serão homens
mas verdadeiros deuses os que um dia,
quando á cidade elle voltar dos ermos,
a sua face bella contemplarem,
tão resplendente como a lua cheia.
Oh venturosos vós, que assim poderdes
ver a face a Ramá, a augusta face,
similhante á rainha das estrellas,
e graciosa e bella, de alvos dentes,
e de olhos como as pétalas do lodam.
Felizes os mortais, que de meu filho
virem a face augusta, cujo halito
é egual ao perfume que rescendem
as pétalas do lodam, pelo outono.{25}
QUADROS CAMBIASTES—(Lyrica, 1.ª parte) ... 1 vol.
TASSO—poema dramatico em 7 cantos, baseado em factos do seculo XVI ... 1 vol.
PARIETARIAS—(Lyrica, 2.ª parte. Edição esgotada) ... 1 vol.
PIRILAMPOS—(Prosas várias. Edição esgotada) ... 1 vol.
A LIBERDADE DE INDUSTRIA nas suas relações com a Economia politica e com a historia da civilisação ... 1 vol.
UM ANJO MARTYR—poema lyrico ... brox.
O MUNICIPIO E A DESCENTRALISAÇÃO—estudo de direito administrativo, 2.ª edição ... brox.
GENERALISAÇÃO da historia do direito romano. (Edição esgotada) ... brox.
MORTE DE YAGINADATTA, episodio do Râmâyana ... brox.
A INDIA ANTIGA, bosquejo historico da sua litteratura e das suas instituições religiosas, sociaes, civis e politicas ... 1 vol.
INTRODUCÇÃO Á SCIENCIA DAS FINANÇAS, 1.ª serie de estudos financeiros, ordenados e redigidos segundo as prelecções do sr. Mendonça Cortez ... 1 vol.
POEMAS DA MISERIA ... 1 vol.
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Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. 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It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at https://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at https://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit https://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: https://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.